domingo, 25 de julho de 2010

Vida de Menina




Gênero: Drama
Duração: 101 min.
Lançamento (Brasil): 2004
Distribuição: Riofilme
Classificação etária: Livre

Ficha Técnica:
Direção: Helena Solberg
Roteiro: Elena Soáres e Helena Solberg
Produção: Radiante Filmes
Produtor: David Meyer
Co-produção: Raccord Produções
Música: Wagner Tiso
Fotografia: Pedro Farkas
Direção de arte: Beto Mainieri
Edição:  Diana Vasconcellos
Figurino: Marjorie Gueller

Elenco:
Ludmila Dayer - Helena Morley
Daniela Escobar - Carolina
Dalton Vigh - Alexandre
Maria de Sá - Teodora
Camilo Bevilacqua - Geraldo
Lolô Souza Pinto - Tia Madge
Benjamim Abras - Teodomira
Lígia Cortez - Iaiá

O filme:
     Uma grande personagem essencialmente brasileira, num momento crítico de sua vida, briga para estabelecer sua liberdade e integridade. Tendo como pano de fundo um Brasil que acaba de abolir a escravatura e proclamar a República, Helena Morley começa a escrever o seu diário, que nos revela seu universo e um país que adolesce junto com a menina. Nesse momento da vida, Helena e magra, desengonçada e sardenta: se acha feia. Não é boa aluna, nem comportada como sua irmã Luizinha; seu apelido "Tempestade". Mas Helena, como nenhuma outra garota de Diamantina, escreve.
 

Curiosidade:
     Vida de Menina é o primeiro longa-metragem totalmente de ficção de Helena Solberg. Baseia-se no livro Minha Vida de Menina (O Diário de Helena Morley), de Helena Morley, um clássico da literatura brasileira, sucesso no Brasil e no exterior e que está em sua 19a. edição. Esse diário cobre os anos de 1893 a 1895, mas só foi publicado em livro pela autora em 1942, causando impacto.

Algumas possibilidades de trabalho com o filme
Vida de menina

  • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos/ Ciências Humanas.
  • Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa/ Geografia/ História/ Filosofia.
  • Tema: Ética e Cidadania (Relações de gênero/ Relações de trabalho/ Formação do sujeito/ Patrimônio histórico)

Orientações preliminares:
     Sugere-se que as atividades a seguir sejam desenvolvidas por professores de disciplinas diferentes. É importante assistir ao filme em sua totalidade e, a seguir, selecionar fragmentos que ajudem na compreensão dos temas propostos. Lembre-se de que o filme, como qualquer objeto cultural, deve ser problematizado. Para sua análise, é importante que os alunos observem alguns elementos que o diretor utilizou para compor as cenas, tais como falas, gestos, vestimentas, paisagens e sons.

Atividades de aquecimento:
     O filme foi inspirado no diário de Helena Morley, pseudônimo de Alice Dayrell Brant, que tinha 14 anos quando o escreveu durante os anos de 1893 a 1895. Portanto, peça aos alunos para contarem se conhecem esse gênero de escrita ou se alguém na classe tem (ou tinha) o hábito de escrever diário.
    Você pode também levvar e comentar alguns diários, tais como:  Diários de Cristovão Colombo, Diário de Anne Frank ou o livro Paratii entre os dois pólos, de Amyr Klink, ou ainda pedir para que os alunos comentem sobre os próprios diários. O objetivo desta atividade é listar as principais características desse gênero e elaborar hipóteses acerca dos possíveis assuntos que serão tratados no filme.

Atividades:
     O filme, ambientado nos anos 90 do século XIX, pouco após a libertação dos escravos e da proclamação da República, trabalha com diversas polaridades e tem como eixo principal a oposição mulher/homem. Assim, a narrativa mostra dintinções: jovem/adulto; trabalho manual/ trabalho intelectual; protestantismo/catolicismo; criacionismo/evolucionismo; civilização/bárbarie; cultura popular/ cultura erudita; crise/prosperidade. Sugerem-se, portanto, atividades com o intuito de problematizar tais dicotomias a partir: 1) da formação do sujeito, 2) das relações de gênero e trabalho e 3) da cidade de Diamantina.

I - Formação do sujeito:
     Um dos temas centrais do filme é a formação do sujeito. Helena, por meio de sua relação com a escrita, nos relata suas afinidades e distanciamentos em relação às questões culturais de seu tempo. Assim, oriente os alunos para que, em grupo produzam um texto dissertativo-argumentativo, com o intuito de discorrer sobre as questões culturais que a afligiam e explicar a importância da escrita em sua formação. Para tanto, precisam:
  • Observar o tema e a forma (os gestos, olhares, o tom da fala, silêncios) como a autora dialoga com o padre Neves, com a avó Teodora, com a mãe Carolina, com a tia Madge, com o professor Teodomiro e com Leontino.
  • Rever a sequência no DVD: 45min 40s até 1h 10min 40s. Esta sequência é chave, pois ajuda na compreensão da relação de Helena com a escrita.
Observação 1

     
Peça para que os alunos observarem os provérbios e a sua função na cena do filme, tais como: "A mulher e a galinha nunca devem passear, a galinha o bicho come, a mulher dá o que falar", "Casamento e mortalha no céu se talha", "Não vá com tanta sede ao pote" ou "Eu penso que a vida é como um punhado de fubá que se põe na palma da mão, quando se assopra, vai embora e não fica nada". Tais textos ajudarão a perceber os aspectos discordantes da narrativa.

Observação 2:
     Peça que observem a relação de Helena com os amigos a partir do momento em que se torna escritora.



II - Relações de gênero e trabalho:
     Oriente os alunos para consultarem, em fontes atualizadas, sobre o fim da escravidão, a ampliação do trabalho assalariado, a transição da Monarquia para a República no Brasil.
    Depois de trocar e comentar as informações com os alunos, promova um debate com o intuito de identificar e explicar as principais características dos papeis sociais exercidos por mulheres e homens na sociedade patriarcal de Diamantina do final do século XIX. Para tanto, recupere algumas passagens no DVD, observando os itens a seguir:

     1) Os elementos utilizados pela diretora para compor o personagem: a fala, a escrita, a leitura, os gestos, os gostos, a vestimenta dos personagens:
a) Mulheres: Helena, Carolina (mãe), Dona Teodora (avó); Tia Madge; Generosa e Arinda.
b) Homens: Alexandre (pai), Geraldo (tio), Padre Neves, Prof. Teodomiro e Leontino.


     2) As atividades exercidas pelas mulheres brancas e pelas mulheres negras.


     3) Atividades exercidas pelos homens brancos e homem negro.
     Além disso, peça aos alunos para responderem, em grupos:
  •  Por que Helena é uma agente desestabilizadora no filme?
  • Quais são as semelhanças e diferenças na vida dos negros após o término da escravidão?

III - Cidade de Diamantina, patrimônio histórico
     O filme também ajuda na compreensão das razões dessa cidade ter se tornado um patrimônio histórico: seu declínio econômico. Peça aos alunos para pesquisarem sobre o que é patrimônio histórico e, a seguir, elaborarem um cartaz coletivo (da turma inteira), com o intuito de explicar as razões de Diamantina ter se tornado patrimônio histórico. Para tanto, siga o roteiro:

     1) Anotem as características da cidade de Diamantina que aparecem no filme (prédios, casas, ruas e meios de transportes).
     2) Consultem imagens fotográficas de Diamantina em site oficiais
  • http://www.diamantina.mg.org.br/portal1/intro.asp?ildMun=100131242
  • http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
e de agências de turismo e anotem como são prédios, casas, ruas, meios de transporte hoje.

3) Anotem as mudanças e permanências e formulem hipóteses para explicar as razões das muitas permanências.

4) Leiam a história da cidade e do contexto histórico brasileiro em livros de História.

5) Organizem as legendas das fotos com linguagem adequada e objetiva. 
*Caderno de Cinema do Professor 1