terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Planeta Branco


Gênero: Documentário
Duração: 86 minutos
Lançamento: 2006
Produção: França/Canadá
Classificação etária: Livre

Ficha Técnica: 
Direção: Jean Lemire, Thierry Piantanida e Thierry Ragobert
Roteiro: Stéphane Milliere e Thierry Piantanida.
Produção: Jean Labadie, Jean Lemire e Stéphane Milliere.
Fotografia: Jérôme Bouvier, Francois de Riberolles, Martin Leclerc, Thierry Machado e David Reichert
Música: Bruno Coulais.
Edição: Catherine Mabilat, Nadine Verdier e Thierry Ragobert.

Narrador: Jean Louis Étienne.

O filme:
     Um vasto panorama da região do Ártico, mostrando as diferenças na passagem provocadas pelas estações do ano. O filme registra a força e a habilidade dos animais do Pólo Norte em sua luta pela sobrevivência, e também sua vulnerabilidade diante das mudanças agressivas provocadas no meio ambiente pelo fenômeno do aquecimento global.


Curiosidades:
  •      "O filme permite que a beleza simples e natural do Ártico fale por si mesma e, silenciosamente, faz um apelo em favor dessa forte, porém frágil região do planeta. Bruno Colais, um dos mais requisitados compositores de trilha na França, é especialista em musicar documentários sobre natureza e belas imagens, como, por exemplo, Microcosmos (1996) e Migração Alada (2001)". Extraído do site da 30a. Mostra Internacional de Cinema. 
  • O filme foi rodado ao longo de três anos na Groenlândia e no Alasca. Os diretores Rabobert e Piantanida são antigos colaboradores de Jacques Cousteau.
 Algumas possibilidades de trabalho com o filme O Planeta Branco
  • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza.
  • Sugestões de disciplinas: Geografia, Biologia, Língua Portuguesa, Arte.
  • Tema: Meio Ambiente, Saúde e Ética: localização geográfica, fenômenos naturais, ciclos de vida dos seres vivos, cadeias alimentares, carrentes migratórias, comportamento animal, aquecimento global, transformações da paisagem e as estações do ano.

Orientações preliminares:
     Levando-se em consideração que este documentário apresenta um panorama da região ártica, vários aspectos relacionados a esse meio ambiente poderão ser explorados, e dessa forma, recomenda-se a participação de diferentes disciplinas.
    Após a exibição do filme, recomenda-se apresentar para os alunos o assunto a ser explorado e o real objetivo de cada disciplina envolvida com esse filme.
    Uma outra possibilidade de exibição poderá ser o recurso de cena a cena, ou cenas extras, facilitando o desenvolvimento e as conclusões dos assuntos exibidos, no entando, os alunos deverão ter acesso à obra como um todo.

     Atividades
     Levando-se em consideração o(s) objetivo(s) do trabalho nas diferentes disciplinas e o conhecimento dos alunos a respeito do(s) tema(s), se necessário antecipe uma pesquisa sobre o assunto ou, ainda, faça uma leitura de artigos, reportagens, documentos sobre a reguão do Árticoe sua ambientação nas diferentes estações do ano.
    Após a exibição do filme, o professor, juntamente com os alunos, pode comentar sobre o documentário apresentado, chamando a atenção para as cenas mais marcantes, assuntos não compreendidos, e sobre o que se pôde aprender/constatar a partir dessa exibição.
    Cabe também relacionar e comentar sobre outros filmes da mesma temática, verificando qual conhecimento e familiaridade o assunto suscita nos alunos, complementando e/ou corrigindo informações se necessário.
    Em grupos de 4 ou 5 anlunos, peça para registrarem as informações que eles possuem agora e que consideram relevantes para serem veiculadas na escola, na tentativa de melhorar a visão e o comportamento dos alunos perante o aquecimento global, à continuidade e preservação das espécies, o bom-estar e a saúde de todos.
    Apresentar para a classe o resultado desse registro, anotando os itens dos grupos num único painek ou na lousa, a fim de se obter uma relação dos itens eleitos pela classe.
     A partir dessa relação, distribua os itens para os grupos e pala para elaborarem frases de impacto, cartazes com imagens, desenhos, gráficos, etc, sobre os itens apontados.
    As produções poderão ser expostas nas dependências da escola. lembre-se de orientá-los na construção das frases, em especial na adequação da linguagem, no tamanho das frases e no número de informações de cada produção, a fim de eviutar a poluição visual nelas.

Outras possibilidades de trabalho:
  •      Elaborar textos argumentativos, a partir de um dos temas: 
  1. Aquecimento Global.
  2. Continuidade e a preservação das espécies.
  3. Bem-estar social e a saúde de todos.
  4. Como intervir nos desequilíbrios ambientais?
     Ou outro tema eleito pelo professor e/ou pela turma de alunos.
     Obs: Se necessário, antes de os alunos iniciarem as produções, busque outros fontes de referência que tratam da temática.
  • Fazer uma releitura do documentário ou de um dos temas trabalhados, por meio de cartazes, charges, organizando instalações com quadros, fotografias, pinturas, etc. e solicializando para a comunidade escolar.
  • Elaborar um folheto (com linguagem informativa) a respeito dos conhecimentos que os alunos tiveram a partir do documentário, contendo sessões do tipo: Você sabia que... 
  • Organizar um festival de filmes na escola que possa remeter a discussões sobre essa temática.
  • Propor a construção de uma Agenda 21 Escolar como forma de exercício da cidadania em relação ao meio ambiente.
  • Utilizar outras formas de educomunicação (linguagem artística, saraus, poemas) com a utilização das salas de informática para pesquisa e produção dos trabalhos.
  • Prreparar um número de dança, de teatro, de coral, etc, utilizando cenas marcantes do filme (como exemplo, a última cena) ou outras imagens de filmes diversos. 
  • * Caderno de Cinema do Professor 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Crash, No Limite




Gênero: Drama
Duração: 112 minutos
Lançamento: 2004
Produção: E.U.A
Classificação etária: 14 anos


Ficha Técnica: 
Direção: Paul Haggis
Roteiro: Paul Haggis e Robert Moresco, baseado em história de Paul Haggis.
Produção: Don Cheadle, Paul Haggis, Mark R. Harris, Cathy Schulman e Bob Yari.
Fotografia: James Muro
Música: Mark Isham
Edição: Hughes Winborne

Elenco: 
Karina Arroyane - Elizabeth
Dato Bakhtadze - Lucien
Sandra Bullock - Jean Cabot
Don Cheadle - Graham
Art Chudabala - Ken Ho
Tony Danza - Fred
Keith David - Tenente Dixon
Loretta Devine - Shaniqua
Matt Dillon - Oficial Ryan
Jennifer Esposito - Ria
Ime Etuk - Georgie
Eddie J. Fernandez - Oficial Gomez
Willian Fichtner - Flanagan
Brendan Fraser - Rick
Billy Gallo - Oficial Hill
Ken Garito - Bruce
Nona Gaye - Karen
Terrence Howard - Cameron
Ludacris - Anthony
Thandie Newton - Christine
Ryan Phillippe - Oficial Hanson
Alexis Rhee - Kim Lee
Ashlyn Sanchez - Lara
Michael Pena - Daniel
Larenz Tate - Peter
Sean Cory - Policial de moto

O filme:
     Jean Cabot é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia, que tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente que provoca a aproximação de habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem sucedido diretor de cinema e sua esposa e um imigrante iraniano e sua filha.

Curiosidades:
  • A estética de Crash, no Limite mostra bem as opções que o cinema americano tomou no início dos anos 2000: fotografia com aspectos sombrios, trilha sonora quase hipnotizante e um roteiro que "costura" várias histórias, de vários personagens, sem que haja uma solução comum a todas.
  • Outra característica desse tipo de roteiro é a profundidade psicológica dos personagens. Um dos primeiros e mais influentes cineastas a usar esse tipo de abordagem foi Robert Altman (1925-2006) em Short Cuts, de 1993.
Algumas possibilidades de trabalho com o filme:
  •  Áreas curriculares: Linguagens e Códigos/Ciências Humanas.
  • Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa/ Lingua Inglesa/ Geografia/Filosofia.
  • Tema: Ética e Cidadania (Preconceito) 
 Orientações preliminares: Sugere-se que esse roteiro de análise possa ser desenvolvido na escola por professores de diferentes disciplinas e que a sinopse do filme seja lida para os alunos antes de sua exibição, bem como o texto do box 1, sobre Los Angeles (no final da postagem), local onde o filme é ambientado.
Atividades: Inicialmente, converse com os alunos sobre o filme, a fim de verificar em que medida eles entenderam a narrativa, suas tramas e como elas terminam.
     Pergunte a eles qual é o tema central do filme.
     Explore alguns trechos do filme onde o preconceito é explícito e analise com os alunos de quje tipo de preconceito se trata.


     Explore trechos do filme onde o preconceito se apresenta de forma implícita. Exemplos:
  • O olhar do jovem policial Hanson para Peter. Pelas vestes de Peter, Hanson fica desconfiado. Por quê? (DVD: 1h25min44s - 1h28min15s).
  • Cena em que o detetive Graham entra no carro onde está sua colega e diz que não havia encontrado a mãe. Por que ele preferiu omitir a verdade? Há preconceito dele nessa  passagem? Se sim, que tipo de preconceito? (DVD:0h50min05s - 0h53min10s).
  • Cena de Peter e Anthony, quando se cruzam na calçada com o promotor Ricky e sua esposa Jean Cabot. Ao passar perto, Jean segura no braço do marido. Nesta cena, ela agiu com preconceito? Peça para os alunos justificarem suas respostas. (DVD: 0h08minn00s - 0h09min10s).

     Fica evidente que os dois jovens, Peter e Anthony, têm visões diferentes sobre o comportamento das pessoas. Peça aos alunos para identificarem essas diferenças. Os alunos concordam com a visão de Anthony? Por quê?



     Realidade versus ficção: o filme representa vários tipos de conflitos, mas não abre mão do "happy end", ou seja, a narrativa resolve os conflitos apresentados, "apaziguando" o espectador. Pergunte aos alunos se, na vida real, as tramas têm os desfechos propostos pelo filme. Peça aos alunos para justificarem suas respostas.




     Nas aulas de inglês, os alunos poderiam:
  • aprofundar a pesquisa sobre Los Angeles e/ou outras cidades dos EUA que eles queiram conhecer, relacionando as semelhanças e diferenças dessas cidades com as metrópoles brasileiras;
  • pesquisar a questão racial dos EUA, sobretudo em Los angeles, palco de violentos conflitos raciais no final da década de 1980;
  • trabalhar a letra de Maybe Tomorrow, música tema do filme;
  • discutir por que o filme tem esse nome;
  • escrever, em duplas, um texto sobre o que eles entenderam do filme Crash, no Limite, relacionando o sentido da música atema com o filme. (Let's sing: Maybe Tomorrow - Stereophonics)


     Pergunte aos alunos o que eles sabem sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Leia o Box 2, a fim de complementar as informações. (No final da postagem).

     Baseando-se no conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos em um dos depoimentos do ator Don Cheadle, abaixo, retirados do making of do DVD, os alunos poderiam escrever um texto dissertativo.

     "Racismo está por baixo. É como as pessoas pensam, falam quando estão sendo educadas. Precisamos ser honestos o bastante para admitir isso."

Ou:

     "O poder de Los Angeles na vida das pessoas e o papel que Los Angeles desempenha na vida das pessoas. E dom poder da cidade. Em Los Angeles ninguém toca em ninguém."

Ou de seu personagem, o detetive Graham Waters:

     "Em Los Angeles, ninguém toca em você. Estamos sempre atrás de metal e vidro. Acho que sentimos muita falta de toque."



Box 1: Los Angeles     
     Los Angeles é a segunda maior cidade dos EUA é a maior cidade do Estado da Califórnia e sua gigantesca região metropolitana tem aproximadamente 13 milhões de habitantes. Foi fundada pelos espanhóis, em 1781, controlada pelo México após a independência deste da Espanha, em 1821, e foi conquistada pelos norte-americanos em 1846.
     Considerada o maior ponto de entrada para imigrantes que vêm aos Estados Unidos, Los Angeles é também uma das cidades mais multiculturais do mundo, com populações de muitas nações e etnias das mais variadas.
     Los Angeles é mais conhecida pelos seus filmes, a maioria deles produzida no bairro mundialmente famoso de Hollywood.
     A década de 1990 foi marcada por intensos conflitos raciais e agravada pela opressão policial.
     
     Fonte: Enciclopédia Livre Wikipedia (texto adaptado)


Box 2: Declaração Universal dos Direitos Humanos
      A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos primeiros instruimentos baseados na ideia de que os direitos humanos devem ser garantidos para todo ser humano.
     O Artigo 1o. estabelece que: "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade".
     O Artigo 2 continua: "Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer especie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição".
Do Artigo 3o. ao 21o. se estabelecem os direitos civis e políticos, que incluem o direito à vida, à liberdade, à liberdade de expressçao, à privacidade, à liberdade de ir e vir, como também proíbe a escravidão, a tortura e a prisão arbitrária.

Fonte: http://www.hrea.org/index.php?doc_id=439 - charter (texto adaptado) 
*Caderno de Cinema do Professor 1 
 


 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Narradores de Javé


Gênero: Comédia
Duração: 102 minutos
Lançamento: 2003
Produção: Brasil
Classificação etária: Livre

Ficha Técnica: 
Direção: Eliane Caffé
Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé.
Produção: Vânia Catani e Bananeira Filmes.
Fotografia: Hugo Kovensky
Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa
Edição: Daniel Rezende


Elenco: 
José Dumont - Antonio Biá
Matheus Bachtergaele - Souza
Nelson Dantas - Vicentino
Rui Resende - Vado
Gero Camilo - Firmino
Luci Pereira - Deodora
Nelson Xavier - Zaqueu




O filme: 
     O filme conta a história de um povoado, Javé. que está prestes a ser inundado e dar lugar à represa de uma hidrelétrica. Os moradores do lugar chegam à conclusão de que a única maneira de impedir a tragédia é transformando Javé em Patrimônio da Humanidade. Para isso decidem transformar as lendas sobre a origem do lugar em um livro. Acontece que a pessoa mais indicada para a tarefa é Antonio Biá, que havia sido banido da cidade por difamar seus moradores através de cartas. Como não há alternativa, a população resolve dar a chance de Biá se redimir escrevendo o livro. E o escrivão passa a ir de casa em casa para ouvir as histórias que estão guardadas na recordação dos moradores de Javé. O problema é que cada um lembra das coisas à sua maneira...




Curiosidades: 
  • O filme foi rodado entre junho e setembro de 2001 em Cameleira da Lapa, cidade do interior da Bahia.
  • Recebeu prêmios como: melhor filme e melhor roteiro no 30o. Festival Internacional do Filme Independente de Bruxelas, na Bélgica. Ganhou os prêmios de melhor filme do júri oficial e do júri popular e ainda o prêmio de melhor ator para José Dumont no Festivel do Rio 2003.
  • O filme surpreende pelos diálogos criativos e pela intensidade de imagens, e também por falar de questões tão importantes como história, memória, língua, comunidade e resistência.
Algumas possibilidades de trabalho com o filme:
  • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos/ Ciências Humanas.
  • Sugestões de disciplinas: Língua Portuguesa/História/Geografia/Filosofia.
  • Tema: Ética e Cidadania (memória/história oral/patrimônio imaterial).

     O filme apresenta versões diferentes a origem da cidade de Javé. Qual a versão mais convincente? Por que?
     Sobre a responsabilidade de Antonio Biá:
  • Qual a difícil tarefa de Bia, levando-se em consideração as histórias orais e a memória do povo?
  • Por que Antonio Biá não conseguiu contribuir para que Javé se tornasse patrimônio histórico nacional?
  • O que Biá poderia ter feito para transformar a memória do povo em uma história documentada?


Análise do filme:

     Biá, ex-funcionário dos Correios, usou de uma estratégia nada ética para se manter no emprego. O que ele poderia ter feito para preservar o Posto dos Correios e seu emprego de uma forma ética e profissional?
     
     O personagem Zaquel, mesmo se auto-intitulando não ser um homem "das letras" (DVD-Cap.X - 06:05min), acha que ler é importante? Por quê?
    
     Segundo Zaqueu, a cidade de Javé "foi quando caiu em cima de nós na maior desgraça que um povo pode viver para ver" (DVD-Cap.X - 06:48min). Que desgraça é essa? E por que ele a classificou como sendo a maior desgraça de um povo?

     Segundo o filme, antigamente era comum a apropriação das terras a partir de "divisa cantada". Essa prática acontece nos dias de hoje de forma diferente e com outros nomes. Quais são essas formas e por que acontece isso hoje em dia?


     Para os personagens, o que é valor científico?


     Pode-se afirmar que a cidade de javé, apesar da sua singularidade, concentra características que se repetem em outros lugares do Brasil e do mundo. O que, de comum, a cidade de javé teria na sua cultura com os outros lugares do Brasil e/ou do mundo?
     
     Por fim, o único registro desse povoado seria a película Narradores de Javé. Em que medida o filme poderia ser um documento de valor científico e/ou cultural desse povoado? 


Nas aulas de Língua Portuguesa, entre outras atividades, pode-se:

     Rever o Cap. X (21:30min), em que Biá tenta "dar uma mãozinha" na versão de Vicentino Indalécio da Rocha, recontando-a a sua maneira.
  • Que tipo de texto Vicentino esperava que Biá escrevesse?
  • Que tipo de texto Biá queria escrever?
  • Levando-se em consideração que se tratava de um documento, na sua opinião, quem estava com a razão e por quê?
  • Qual a diferença entre relatar um fato e interpretar um fato?

     Os moradores de Javé utilizam uma linguagem típica da região nordeste. nesse sentido, é importante que os alunos façam:
  • uma pesquisa sobre as variantes linguísticas;
  • uma análise sobre a variante linguística utilizada pelo povo de Javé.

     As frases abaixo foram ditas por alguns personagens eo filme. Peça para os alunos reescrevê-las, obedecendo ao modo como cada um fala, no entanto, sem mudar o sentido das frases:
     "... Eu mesmo qui não sô das letras..."
     "... Esse lugar véio num vale o que o gato interrra..."
     "... A caneta corre assim no papel, sem freio..."
  
     Peça aos alunos para explicarem com suas palavras o que entenderam das frases abaixo, que foram ditas por alguns personagens do filme:
     "Eu sô um homem que só consegue pensá a lápis."
     "Galinha que muito cisca, encontra cobra."
     "quem muito fala dá bom dia a cavalo."

     O professor, juntamento com os alunos, pode debater sobre a importãncia de cada uma das variantes linguísticas, considerando os diversos contextos sociais.

     Qual destes ditados populares serviria melhor como subtítulo do filme Narradores de Javé e por quê?
  • Quem conta um conto aumenta um ponto".
  • Em terra de cego, quem tem um olho é rei".
  • O povo aumenta, mas não inventa".
  • Existem três verdades: a minha, a sua e a que de fato é".

Outra possibilidade de trabalho:
     Apresente aos alunos trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha ao El Rei Dom Manoel, onde são descritas partes do Brasil e do povo encontrado aqui.
    Peça aos alunos para elaborarem um texto que descreve a seguinte situação:
    Se o descobrimento do Brasil tivesse sido registrado a partir das margens da represa do povoado de Javé, como seria a descrição dessas terras, bem como do povo (de Javé)? O texto poderá ser coletivo ou em pequenos grupos de alunos.
*Caderno de Cinema do Professor 1






 



sábado, 5 de dezembro de 2009

O Pagador de Promessas

Gênero: Drama
Duração: 95 minutos
Lançamento: 1962
Produção: Brasil
Classificação etária: 12 anos  





Ficha Técnica: 
Direção: Anselmo Duarte
Roteiro: Anselmo Duarte
Produção: Oswaldo Massaini
Fotografia: Henry Chick Fowle
Música: Gabriel Migliori
Edição: Carlos Coimbra

Elenco:
Leonardo Villar - Zé do Burro
Glória Menezes - rosa
Dionísio Azevedo - Padre Olavo
Norma Bengell - Marli
Geraldo Del Rey - Bonitão
Othon Bastos - Repórter

O filme:
     Zé do Burro e sua mulher Rosa vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador (Bahia). Um dia, o burro de estimação do Zé foi atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar seu animal.
    Com o restabelecimento do animal, Zé põe-se a cumprir a promessa: doa metade de seu sítio para depois começar a caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crúcis de Zé se torna ainda mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé ter feito sua promessa em um terreiro de candomblé.



Curiosidades:

  • O diretor de fotografia desse filme, Henry Chick Fowle (1915-1995), mais conhecido como Mister Chick, era um inglês que se radicou no Brasil e acabou influenciando toda uma geração de profissionais, além de ter sido responsável pela fotografia de vários sucessos de nosso cinema, em especial dos filmes da produtora paulista Vera Cruz.
  • Chick Fowle e Anselmo Duarte já haviam trabalhado juntos no primeiro filme dirigido por Anselmo. Absolutamente Certo,  de 1957, mas antes disso participaram do filme de Adolfo Celi (1922-1986 - diretor e ator italiano que trabalhou no Brasil por algum tempo nas décadas de 50 e 60). Tico Tico no Fubá, que Chick fotografou e Anselmo Duarte protagonizou.
  • O filme O Pagador de Promessas ganhou uma infinidade de prêmios, mas nenhum que supere a Palma de Ouro do Festival de Cannes de 1962.
  • Segundo B.J.Duarte (fotográfo e crítico de cinema) - "Cinema de linhas simples, mas de realização tão complexa, exatamente por se relacionar a uma intriga de raízes psicológicas sociológicas, sentimentais e telúricas tão íntimas".
Algumas possibilidades de trabalho com o filme:
  • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos e Ciências Humanas.
  • Sugestão de disciplinas: Arte, Língua Portuguesa e Sociologia.
  • Temas: Ética, Pluralidade Cultural (gênero e simbologia da linguagem cinematográfica, literatura popular, sincretismo religioso)

     É importante informar que o filme é uma adaptação da peça teatral de mesmo nome, do dramaturgo Dias Gomes, escrita em 1959.

Análise do filme:
      Enfocar as dicotomias que se pode identificar entre: valores éticos de personagens; entre o poder institucional e o do indivíduo do povo, e entre o mundo rural e o mundo urbano. 
     Identificar algumas dicotomias encontradas no filme que revelam a incomunicabilidade (conflito e não diálogo) entre as pessoas, tomando como referência a figura do Zé do Burro: sua crença ingênua e a visão dogmática do Padre Olavo; sua atitude desinteressada e o oportunismo do comerciante; sua determinação cega no cumprimento da promessa à santa e o ceticismo de sua mulher sobre a importância desse ato.
     Em outro plano, a análise pode deslocar-se para o entendimento da significação dessa dicotomia em relação ao poder exercido pelas instituições sobre o destino das pessoas. Podem ser enfocados, por exemplo, a intolerância e o corporativismo da igreja católica, presentes no autoritarismo do Padre Olavo e na indiferença do monsenhor; a parcialidade da autoridade policial na resolução da crise; o desvirtuamento da função da imprensa ao atender a objetivos meramente comerciais.
     Em uma terceira abordagem, a dicotomia pode ser encontrada na diversidade de códigos do campo e da cidade. De um lado, a solidariedade e pureza do mundo rural, identificada pela divisão de terras promovida pelo Zé do Burro e sua total incapacidade de entender as razões do impedimento do cumprimento de sua promessa, e, de outro, a cidade, onde imperam o individualismo e a imcompreensão sobre o que é diferente e que desvirtuam intenções e conduzem à transgressão de Rosa e à morte do pagador de promessas.


Cinema e política: O filme O Pagador de Promessas revela uma visão de homem do povo da zona rural que corresponde a uma determinada concepção político-ideológica presente na época de sua criação. 
Figuras populares: Representação de grupos populares como os capoeiristas, mães de santo, malando, criador de versos.
Simbologia: Um exemplo é a sequência da morte e a entrada da cruz com o corpo na igreja, filmada de ponta-cabeça. A morte de Zé do Burro afirma, de um lado, a impossibilidade da compreensão do que é diferente, mas, por outro lado, ao ser posto na cruz e carregado pelos capoeiristas, sua morte ganha outro sentido, pois eles, representantes do povo, entendem seu ato, e, mesmo que tardiamente, fazem com que Zé do Burro realize o pagamento de sua promessa.


Literatura popular: Utilizar a figura do criador de poesia para trabalhar literatura de cordel¹, de alguns versos de cordel selecionados².
Sincretismo religioso: O processo de transformação por que passaram as religiões de origem africana que se universalizaram, desvinculando-se de suas bases étnicas, geográficas e de classe social. A prática do candomblé como religião de resistência dos escravos e seus descendentes, que propiciava a manutenção e renovação de seus vínculos com as tradições culturais africanas diante da dominação branca e católica, mas que, por outro lado, atendia à exigência de integração desse povo a esse mundo, para garantir sua própria sobrevivência. Essa dualidade gerou a fusão entre as figuras religiosas da qual o filme fala.
*Caderno de Cinema do Professor 1
¹. Tipo de poesia na Europa, e sua disseminação no Brasil, trazida pelos portugueses.
². Capacidade criativa do cordel, que conserva e reinventa costumes e crenças, reafirmando, assim, a identidade coletiva, denúncia social.










quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Billy Eliot

Gênero: Drama
Duração: 111 minutos
Lançamento: 2000
Produção: Inglaterra
Classificação etária: 12 anos


Ficha Técnica:
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: Lee Hall
Produção: Greg Brenman e J. Finn
Música: Stephen Warbeck
Fotografia: Brian Tufano
Edição: John Wilson


Elenco:
Julie Walters - Mrs. Wilkinson
Jamie Bell - Billy Eliot
Jamie Draven - Tony
Gary Lewis - Pai
Jean Heywood ´Avô
Stuart Wells - Michael
Nicola Blackwell - Debbie


O  filme:
     Billy Elliot é um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas de carvão. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado com a magia do balé, com o qual tem contato através de aulas de dança clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica a luta. Incentivado pela professora de balé, que vê em Billy um talento nato para a dança, enfrenta a contrariedade de seu irmão e seu pai à nova atividade.
A academia de boxe que funciona num ginásio de um bairro proletário de uma pequena cidade da Inglaterra recebeu uma nova e indesejada clientela, as aulas de ballet da professora Wilkinson (Julie Walters, um talento reconhecido na Inglaterra que tem ganho espaço no exterior). Todos os garotos que participavam das lutas ficaram nitidamente aborrecidos com a nova situação, entre eles, Billy Elliot (Jamie Bell, estreando no cinema com uma atuação de gala).
O passar de algum tempo veio revelar a Billy que a convivência com o Ballet era mais do que agradável, tornava-se mesmo, irresistível. Os passos de dança combinados com a música clássica passaram a compor uma alternativa muito mais sedutora aos olhos de Billy do que os golpes desferidos por ele contra seus oponentes no ringue de boxe (atividade para a qual, diga-se de passagem, ele não parecia ter muita habilidade).
O problema que se segue surge da resistência da família, particularmente de seu pai (Jamie Draven), em aceitar a idéia de que seu filho se tornasse um bailarino. Numa comunidade onde prevalece a idéia de que o homem se afirma a partir de sua força e virilidade (que poderiam ser demonstradas numa luta de boxe), a possibilidade de se tornar bailarino parecia encaminhar a pessoa na direção contrária, numa afirmação de feminilidade exacerbada ou mesmo de homossexualismo (muitas pessoas parecem crer que todo e qualquer bailarino opta por tendências homossexuais ao assumir a escolha pela dança, como se isso fosse uma regra).
O talento reconhecido pela professora e a mentalidade intolerante e opressora reinantes na região onde Billy vive se chocam, numa história emocionante e que parece acontecer muitas vezes, ao redor do mundo, talvez mesmo, muito perto de você...




Curiosidades:
  • Billy Elliot foi o primeiro longa-metragem do diretor Stephen Daldry, que já produziu mais de cem peças teatrais na Inglaterra.
  • Recebeu três indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante  (Julie Walters) e Melhor Roteiro Original.
  • Recebeu duas indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme (Drama) e Melhor Atriz Coadjuvante (Julie Walters).
  • Recebeu uma indicação ao Cesar, na categoria de melhor filme estrangeiro. 


Algumas possibilidades de trabalho com o filme Billy Elliot:
  • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos/ Ciências Humanas.
  • Sugestões de disciplinas: Língua Portuguesa, Filosofia, História, Geografia.
  • Tema: Ética e Cidadania (Tolerãncia e preconceito)


     A resistencia da família à escolha de Billy em tornar-se bailarino, principalmente do pai, do irmão e da sociedade. Como eles definem essa resistência? Como Billy enfrentou essas dificuldades? O que representou a professora de balé na vida de Billy? Eles acham que é possível vencer sozinho na vida? Por que? Quais foram os motivos que levaram a família de Billy a mudar de opinião? 
   Colocar em pauta  se alguem já foi protagonista de alguma situação de intolerância ou mesmo de preconceito.


Temas para debate a respeito de:
  • futebol feminino.
  • maridos que cuidam da casa e dos filhos enquanto suas esposas trabalham;
  • mulheres pagaram a conta na lanchonete, no restaurente, etc.


     É possível observar que o filme mostra a greve dos trabalhadores das minas de carvão de Durhan, localizada ao norte da Inglaterra, nos anos de 1980¹.


¹ Este aspecto é fundamental para a trama. Esta foi uma greve histórica, contra o neoliberalismo da primeira-ministra Margareth Thachter. A greve dos mineiros durou algo em torno de um ano e foi derrotada. Foi um duro golpe contra a tradição de lutas da classe operária inglesa.


Para saber mais:
Thompson,E.P. A formação da classe operária inglesa. Paz e Terra, 1987 (3 volumes)
               Quando o balé supera o boxe

Tolerância é uma das palavras mais importantes daquilo que conhecemos como mundo contemporâneo. Dizia o pensador francês Voltaire que podia até não concordar com as idéias e posicionamentos assumidos por outras pessoas, se prontificava, no entanto, a defender o direito de toda e qualquer pessoa expressar livremente seus pensamentos, suas opiniões, sua ideologia (mesmo aquelas com as quais não concordava).
Num mundo em que os profetas das guerras as anunciam como justas e que, no entanto, a população percebe-as como injustas e resultantes da dificuldade de entender o outro, de compreender valores, hábitos, orientações e uma organização sócio-econômica e política diversificada, prevalece o contrário daquilo que defendiam os iluministas franceses (entre os quais Voltaire). Vivemos sob o domínio da intolerância.
E aquilo que chamamos de intolerância não é visto apenas através das câmeras de televisão, em continentes distantes ou países de paisagem árida e seca. Percebemos que a prática de não aceitar ou não entender propositadamente outras pessoas acontece ao nosso redor, em nossos cotidianos e, mesmo, em nossas próprias casas, escolas, ambientes de trabalho, academias atléticas,...
A história tem registrado perseguições a minorias (como os cristãos na Roma Imperial), caça às bruxas e a todos aqueles que discordassem da visão religiosa dominante (a inquisição durante a Idade Média), violências praticadas pelas potências imperiais (os romanos expulsaram os judeus da Ásia Menor; os ingleses dominaram a ferro e fogo povos dos continentes africano e asiático entre os séculos XIX e XX) e muitas outras atrocidades. Motivadas por interesses econômicos e, também, pela intolerância.
Mas, e o que nós fazemos em nosso dia a dia? E os pequenos atos que denotam a incapacidade de compreender as diferenças, de dar espaço para outras formas de pensar, agir e viver? Ao redor do globo observamos atitudes ofensivas em relação aos mulçumanos em virtude dos atentados terroristas de 11 de Setembro. Muitas pessoas passaram a agir de forma insana, irracional, assumindo que todo e qualquer devoto do Corão era um terrorista e um inimigo potencial!
Fugindo dos grandes acontecimentos, quantas vezes não nos deparamos com atitudes que denotam preconceito em relação a outras pessoas por não professarem a mesma religião, pelo fato de terem feito opções sexuais diferenciadas ou mesmo por torcerem para outro time de futebol? Quantos entre nós não torcemos o nariz ao pensarmos na hipótese de que um filho venha a fazer balé ou que nossa garotinha se torne uma halterofilista?
"Billy Elliot" nos confronta com uma situação do cotidiano em que prevalece a intolerância. Trata-se de um filme sensível e tocante, digno de ser visto e, que nos move a discussões sinceras acerca desse tema tão importante e constante, a busca de tolerância em nossa sociedade.

*Caderno de Cinema do Professor 1


     
 


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Bendito Fruto



Gênero: Drama
Duração: 90 minutos
Lançamento: 2004
Produção: Brasil
Classificação etária: 10 anos

Ficha técnica:
Direção: Sérgio Goldenberg
Roteiro: Rosane Lima e Sérgio Goldenberg
Produção: Martha Ferraris
Fotografia: Aantonio Luís Mendes 
Música: Fernando Moura 

Elenco:
Otávio Augusto - Edgar
Zezeh Barbosa - Maria
Vera Holtz - Virginia
Lúcia Alves - Telma
Camila Pitanga - Choquita
Eduardo Moscovis - Marcelo Monte
Evandro Machado - Anderson

O filme:
     A explosão da tampa de um bueiro em Botafogo, no Rio de Janeiro, acaba reaproximando o cabeleleiro Edgar e Virginia, sua antiga colega de escola. Isso basta para mudar a vida de ambos e refletir nas pessoas que estão em sua volta. Bendito Fruto trata do que poucos filmes tratam: pequenas histórias de gente comum.

Curiosidades:
Bendito Fruto, como uma infinidade de filmes, foi inspirado em uma notícia de jornal, no caso um vazamento de gás seguido de explosão, que arremessou uma tampa de bueiro sobre um táxi, no Rio de Janeiro. Vários roteiristas de cinema já declararam que tiveram suas ideias a partir de algum pequeno relato em um periódico.

Algumas possibilidades de trabalho com o filme Bendito Fruto:
  • Áreas curriculares: Códigos e Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza.
  • Sugestões de disciplinas: História, Geografia, Biologia, Língua Portuguesa, Arte.
  • Temas: Pluralidade Cultural, Cidadania, Saúde, Ética (Vida Urbana, Linguagem do cotidiano, Mito da democracia racial, Discriminação racial e sexual)
    Levando-se em consideração que o fime aborda temáticas da vida cotidiana, tais como a família, a questão racial, os valores morais, a saúde, a vulnerabilidade social, entre outras.

A questão racial: Discussão sobre a condição dos personagens negros e seus descendentes, sobre a preservação do estigma da "serventia" e se o racismo apresenta-se de forma velada ou explícita.  No nosso dia-a-dia de pessoas comuns, como a democracia racial se apresenta na sociedade brasileira? Ela é um fato ou um mito?
A discriminação sexual: Como o homossexualismo é visto pela sociedade, representada pelo personagem Virginia (Vera Holtz), e pela família, representada por Maria ( Zezeh Barbosa) e Edgar (Otávio Augusto)? 
A constituição familiar e o conceito de família: Como o filme caracteriza a família nos grandes centros urbanos? Qual é o conceito de família que o filme passa? Que valores morais são postos por essa família? Essa caracterização, esses valores e conceitos se aplicam na comunidade em que estamos inseridos? Em que medida?
A questão da vulnerabilidade social: Que fatos/personagens são representativos da vulnerabilidade social, individual e institucional?
Os aspectos tragicômicos: O filme, entre outros, mostra o lado tragico da vida, mas com certa dose de humor. Que cenas e personagens podem ser representantes desses aspectos?
*Caderno de Cinema do Professor 1 
 


Com personagens tipicamente brasileiros, beirando o caricatural, essas produções encontram no drama uma forma de mostrar a violência na qual todos transitamos. A comédia Bendito Fruto , primeiro longa-metragem de ficção dirigido pelo documentarista Sergio Goldenberg ( Funk Rio ), também desenvolve em seu roteiro personagens tipicamente brasileiros, da periferia, assemelhando-se aos filmes citados anteriormente. Todas as inspirações para que as histórias e personagens de Bendito Fruto fossem criados vieram da vida real, como a manicure Chokito, vivida por Camila Pitanga: sua construção foi baseada em uma garota entrevistada para o documentário Funk Rio , cuja história teve o mesmo desfecho do filme. A explosão do bueiro, que promove o reencontro de Edgar (Otávio Augusto) e Virgínia (Vera Holtz), também veio de uma notícia no jornal enquanto Goldemberg terminava seu roteiro. Edgar é dono do salão de beleza Antonio’s , herdado do pai, onde trabalham Chokito e Telma (Lúcia Alves). Morando sozinho, o cabeleireiro nunca teve tempo para encontrar uma esposa e essas coisas que as pessoas adultas costumam fazer porque sempre teve de cuidar de sua mãe doente, falecida há pouco tempo. Na verdade, ele mantém um relacionamento com Maria (Zezeh Barbosa), sua empregada. Mas ele não revela a ninguém sobre o envolvimento porque, além de ser sua empregada doméstica, Maria é negra. Ao longo dos anos, isso não parece ser um problema insuportável para a moça, mas, quando Edgar reencontra sua amiga de escola Virgínia – que está no Rio de Janeiro em férias -, o ciúme fala mais alto e Maria quer resolver essa situação. Afinal, é titular ou não do coração do patrão? Maria resolve sair de casa também para receber seu filho, Anderson (Evandro Machado), que foi para a Espanha tentar a vida e se tornou um DJ de renome. Anderson traz não somente novidades do Velho Mundo, mas também seu namorado, Marcelo Monte (Eduardo Moscovis), o galã da novela das 8. Bendito Fruto mostra de forma sincera alguns dos preconceitos que mais estão intrínsecos na nossa sociedade, como o racismo e a homofobia. Existe essa convivência pacífica, o que não acontecia antes, mas o preconceito ainda existe. É humano, como todos os personagens deste filme, que erram, mas não são tratados de uma forma maniqueísta. Não são completamente bons, têm seus defeitos e suas virtudes, como qualquer pessoa. Mais do que ser uma comédia tipicamente carioca, com situações e personagens que só poderiam existir na capital carioca - com a funkeira que namora um malandrão -, Bendito Fruto é uma comédia com valores brasileiros. Sem pretensões de fazer qualquer denúncia ou crítica social como os longas citados no começo deste texto, esta deliciosa e inteligente comédia pincela o racismo para contextualizar as situações vividas pelos personagens de forma verdadeira.
By Angélica Brito