quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Billy Eliot

Gênero: Drama
Duração: 111 minutos
Lançamento: 2000
Produção: Inglaterra
Classificação etária: 12 anos


Ficha Técnica:
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: Lee Hall
Produção: Greg Brenman e J. Finn
Música: Stephen Warbeck
Fotografia: Brian Tufano
Edição: John Wilson


Elenco:
Julie Walters - Mrs. Wilkinson
Jamie Bell - Billy Eliot
Jamie Draven - Tony
Gary Lewis - Pai
Jean Heywood ´Avô
Stuart Wells - Michael
Nicola Blackwell - Debbie


O  filme:
     Billy Elliot é um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas de carvão. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado com a magia do balé, com o qual tem contato através de aulas de dança clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica a luta. Incentivado pela professora de balé, que vê em Billy um talento nato para a dança, enfrenta a contrariedade de seu irmão e seu pai à nova atividade.
A academia de boxe que funciona num ginásio de um bairro proletário de uma pequena cidade da Inglaterra recebeu uma nova e indesejada clientela, as aulas de ballet da professora Wilkinson (Julie Walters, um talento reconhecido na Inglaterra que tem ganho espaço no exterior). Todos os garotos que participavam das lutas ficaram nitidamente aborrecidos com a nova situação, entre eles, Billy Elliot (Jamie Bell, estreando no cinema com uma atuação de gala).
O passar de algum tempo veio revelar a Billy que a convivência com o Ballet era mais do que agradável, tornava-se mesmo, irresistível. Os passos de dança combinados com a música clássica passaram a compor uma alternativa muito mais sedutora aos olhos de Billy do que os golpes desferidos por ele contra seus oponentes no ringue de boxe (atividade para a qual, diga-se de passagem, ele não parecia ter muita habilidade).
O problema que se segue surge da resistência da família, particularmente de seu pai (Jamie Draven), em aceitar a idéia de que seu filho se tornasse um bailarino. Numa comunidade onde prevalece a idéia de que o homem se afirma a partir de sua força e virilidade (que poderiam ser demonstradas numa luta de boxe), a possibilidade de se tornar bailarino parecia encaminhar a pessoa na direção contrária, numa afirmação de feminilidade exacerbada ou mesmo de homossexualismo (muitas pessoas parecem crer que todo e qualquer bailarino opta por tendências homossexuais ao assumir a escolha pela dança, como se isso fosse uma regra).
O talento reconhecido pela professora e a mentalidade intolerante e opressora reinantes na região onde Billy vive se chocam, numa história emocionante e que parece acontecer muitas vezes, ao redor do mundo, talvez mesmo, muito perto de você...




Curiosidades:
  • Billy Elliot foi o primeiro longa-metragem do diretor Stephen Daldry, que já produziu mais de cem peças teatrais na Inglaterra.
  • Recebeu três indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante  (Julie Walters) e Melhor Roteiro Original.
  • Recebeu duas indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme (Drama) e Melhor Atriz Coadjuvante (Julie Walters).
  • Recebeu uma indicação ao Cesar, na categoria de melhor filme estrangeiro. 


Algumas possibilidades de trabalho com o filme Billy Elliot:
  • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos/ Ciências Humanas.
  • Sugestões de disciplinas: Língua Portuguesa, Filosofia, História, Geografia.
  • Tema: Ética e Cidadania (Tolerãncia e preconceito)


     A resistencia da família à escolha de Billy em tornar-se bailarino, principalmente do pai, do irmão e da sociedade. Como eles definem essa resistência? Como Billy enfrentou essas dificuldades? O que representou a professora de balé na vida de Billy? Eles acham que é possível vencer sozinho na vida? Por que? Quais foram os motivos que levaram a família de Billy a mudar de opinião? 
   Colocar em pauta  se alguem já foi protagonista de alguma situação de intolerância ou mesmo de preconceito.


Temas para debate a respeito de:
  • futebol feminino.
  • maridos que cuidam da casa e dos filhos enquanto suas esposas trabalham;
  • mulheres pagaram a conta na lanchonete, no restaurente, etc.


     É possível observar que o filme mostra a greve dos trabalhadores das minas de carvão de Durhan, localizada ao norte da Inglaterra, nos anos de 1980¹.


¹ Este aspecto é fundamental para a trama. Esta foi uma greve histórica, contra o neoliberalismo da primeira-ministra Margareth Thachter. A greve dos mineiros durou algo em torno de um ano e foi derrotada. Foi um duro golpe contra a tradição de lutas da classe operária inglesa.


Para saber mais:
Thompson,E.P. A formação da classe operária inglesa. Paz e Terra, 1987 (3 volumes)
               Quando o balé supera o boxe

Tolerância é uma das palavras mais importantes daquilo que conhecemos como mundo contemporâneo. Dizia o pensador francês Voltaire que podia até não concordar com as idéias e posicionamentos assumidos por outras pessoas, se prontificava, no entanto, a defender o direito de toda e qualquer pessoa expressar livremente seus pensamentos, suas opiniões, sua ideologia (mesmo aquelas com as quais não concordava).
Num mundo em que os profetas das guerras as anunciam como justas e que, no entanto, a população percebe-as como injustas e resultantes da dificuldade de entender o outro, de compreender valores, hábitos, orientações e uma organização sócio-econômica e política diversificada, prevalece o contrário daquilo que defendiam os iluministas franceses (entre os quais Voltaire). Vivemos sob o domínio da intolerância.
E aquilo que chamamos de intolerância não é visto apenas através das câmeras de televisão, em continentes distantes ou países de paisagem árida e seca. Percebemos que a prática de não aceitar ou não entender propositadamente outras pessoas acontece ao nosso redor, em nossos cotidianos e, mesmo, em nossas próprias casas, escolas, ambientes de trabalho, academias atléticas,...
A história tem registrado perseguições a minorias (como os cristãos na Roma Imperial), caça às bruxas e a todos aqueles que discordassem da visão religiosa dominante (a inquisição durante a Idade Média), violências praticadas pelas potências imperiais (os romanos expulsaram os judeus da Ásia Menor; os ingleses dominaram a ferro e fogo povos dos continentes africano e asiático entre os séculos XIX e XX) e muitas outras atrocidades. Motivadas por interesses econômicos e, também, pela intolerância.
Mas, e o que nós fazemos em nosso dia a dia? E os pequenos atos que denotam a incapacidade de compreender as diferenças, de dar espaço para outras formas de pensar, agir e viver? Ao redor do globo observamos atitudes ofensivas em relação aos mulçumanos em virtude dos atentados terroristas de 11 de Setembro. Muitas pessoas passaram a agir de forma insana, irracional, assumindo que todo e qualquer devoto do Corão era um terrorista e um inimigo potencial!
Fugindo dos grandes acontecimentos, quantas vezes não nos deparamos com atitudes que denotam preconceito em relação a outras pessoas por não professarem a mesma religião, pelo fato de terem feito opções sexuais diferenciadas ou mesmo por torcerem para outro time de futebol? Quantos entre nós não torcemos o nariz ao pensarmos na hipótese de que um filho venha a fazer balé ou que nossa garotinha se torne uma halterofilista?
"Billy Elliot" nos confronta com uma situação do cotidiano em que prevalece a intolerância. Trata-se de um filme sensível e tocante, digno de ser visto e, que nos move a discussões sinceras acerca desse tema tão importante e constante, a busca de tolerância em nossa sociedade.

*Caderno de Cinema do Professor 1


     
 


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