A Partida (Okuribito)
Gênero: Drama
Duração: 130 minutos
Lançamento: 2008
Produção: Japão
Site oficial: www.departures-themovies.com
Classificação etária: 10 anos
Ficha Técnica:
Direção: Yojiro Takita
Roteiro: Kundo Koyama
Produção: Toshiaki Nakazawa, Toshihisa Watai e Ichirô Nobukuni
Fotografia: Takeshi Hamada
Montagem: Akimasa Kawashima
Música: Joe Hisaishi
Estúdios: Amuse Soft Entertainment/Dentsu/Mainichi Hoso/Sedic/Shochiku Company/Asahi Shimbunsha
Distribuição: Paris Filmes
Elenco:
Masahiro Motoki – Daigo Kobayashi
Tsutomu Yamazaki – Ikuei Sasaki
Ryoko Hirosue – Mika Kobayashi
Kazuko Yoshiyuki – Tsuyako Yamashita
Kimito Yo – Yuriko Kamimura
Takashi Sasano – Shokichi Hirata
O filme: Um violoncelista retorna à sua cidade natal após a orquestra em que tocava ser dissolvida. Lá ele passa a trabalhar em uma casa funerária, na preparação dos mortos para o enterro. A profissão, cercada de tabus, revela um mundo novo e delicado ao violoncelista e ele acaba fazendo dela sua arte.
Curiosidades:
· Ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009.
· Ganhou o Grand Prix des Amériques no Festival de Montreal.
· Ganhou o prêmio de Melhor Filme – Juri Popular no Festival de Palm Springs.
Algumas possibilidades de trabalho com o filme A Partida
· Áreas curriculares: Linguagens e Códigos/Ciências Humanas
· Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa, Artes, História, Geografia, Sociologia e Filosofia.
· Temas: Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo:
cultura e sociedade; felicidade e temas contemporâneos – morte e prazer; a humanidade na diferença; conteúdos simbólicos da vida humana; tradição e ruptura, permanências e mudanças.
Considerações preliminares:
Todos sabemos que qualquer filme a ser trabalhado em aula deve ser assistido previamente pelo professor. Em A Partida, esse cuidado se faz particularmente necessário. É de fundamental importância que o professor reflita previamente sobre a condição de sua turma para assistir a obra, considerando a complexidade e a delicadeza de seu tema. Dessa forma, a participação de professores de diferentes disciplinas sempre é fator de fortalecimento do processo de análise. Cada disciplina poderá selecionar uma ou mais atividades referentes ao filme, promovendo, assim, a troca e a soma de interpretações e pesquisas.
O filme trata de uma especificidade da cultura japonesa em relação aos rituais de morte, mas a abordagem dessa particularidade acaba por nos remeter à reflexão acerca de uma condição que é universal. No caso desse filme, pensar sobre a morte e seus rituais equivale a fazer, necessariamente, uma profunda reflexão sobre a vida.
Atividades:
Símbolos e expressão de sentimento:
Esta é uma possibilidade para fazer um “aquecimento” com os alunos, antes de assistir ao filme. O professor poderá solicitar que tragam ou descrevam um objeto de que gostam muito ou que retrate algum momento de sua vida, e que possam compartilhar com os colegas, expondo:
· O significado do objeto – por que passou a fazer parte de sua vida;
· Os sentimentos que esse objeto simboliza.
O título original:
Solicite aos alunos que descubram o significado do título original (Okuribito, em japonês- Okuri= levar, bito=pessoa) com alguém que domine esse idioma ou em pesquisa na internet. Peça que estabeleçam a relação do título original com a história do filme e o comparem com o título dado em português, registrando suas conclusões em um pequeno texto.
Ver, ouvir e observar:
O filme está repleto de sons, silêncios, cores, formas e paisagens. Reflita com seus alunos sobre os seguintes aspectos e seus significados:
· A música ocupa papel de destaque no filme. Em que momentos ela é utilizada como um elemento importante na história do filme? Outro exercício seria identificar as músicas utilizadas. Nona Sinfonia de Beethoven; Ave Maria de Gounoud e Wiegenlied de Brahms (que remete à memória do pai do protagonista).
· Da mesma forma, como o silêncio é utilizado no filme? Peça aos alunos que observem os recursos utilizados pelo diretor para que, mesmo com o mais absoluto silêncio, as cenas veiculem uma profusão de informações e diálogos.
· De que maneira o som e a imagem contribuem para o expectador compreender a passagem do tempo na história do filme? Pode-se destacar os indicadores de tempo utilizados, tais como o tempo da natureza e as variações da música.
· Há várias cenas em que o diretor utiliza o recurso do close, retratando o rosto das personagens de forma bem próxima. Discuta com os seus alunos quais poderiam ser as finalidades da utilização desse recurso.
Permanências e mudanças
Em meio a um Japão moderno e tecnológico, o filme aborda a sobrevivência ou a luta pela manutenção de algumas tradições. Para refletirmos acerca das permanências e mudanças que o filme apresenta, solicite aos alunos para indicarem cenas em que sejam abordados, por exemplo, os seguintes aspectos:
· Valores e hábitos tradicionais da cultura japonesa;
· Conflito de gerações;
· Ocidentalização ou adoção de novos valores e hábitos.
Os alunos poderão elaborar um quadro comparativo, contendo os principais elementos do filme que indicam as permanências/tradições e mudanças/rupturas.
Outra possibilidade seria destacar pontos específicos a serem observados no filme, conforme os exemplos seguintes. Inicialmente, é importante que o grupo reflita sobre o que são rituais e preconceitos, para então abordar as perspectivas apresentadas pelo filme.
A classe pode ser organizada em grupos, de maneira que cada um seja responsável pela análise de um tema diferente, entre os sugeridos a seguir.
Os rituais:
· O filme apresenta um ritual mortuário de grande relevância na cultura japonesa. Peça ao grupo que analise se esse ritual contém aspectos que representam a tradição ou a modernidade do Japão.
· No filme, é possível observar que esses rituais se constituem como um momento de profunda elaboração da perda para familiares e amigos. Peça ao grupo que analise a forma como o filme apresenta o comportamento das personagens antes, durante e após a realização do ritual.
· Peça aos alunos que pesquisem como outro povos e países – tais como México, China, Egito antigo, India,Tibete, EUA e Espanha, entre outros – tratam os rituais de morte, comparando-os com os existentes no Brasil.
Preconceitos:
· O filme apresenta uma situação de preconceito que desvaloriza uma profissão, embora, contraditoriamente, seu trabalho seja parte de um ritual socialmente aceito. Na opinião dos alunos, por que essa situação ocorre?
· Há mais situações que envolvem outras formas de preconceito no filme? Peça ao grupo que descreva as cenas em que esss situações se apresentam.
· Avaliando a maneira como o filme tratou as situações de preconceito, reflita com o grupo se o diretor está contribuindo ou não para que esses preconceitos sejam superados e por quê.
· Partindo de nossa vida cotidiana, quais situações de preconceito abordadas no filme possuem paralelo com outras vivências ou presenciadas pelos alunos? É possível superar um preconceito? De que maneira?
O trabalho:
· O filme destaca algumas profissões. Peça ao grupo para refletir sobre elas, analisando quais representam a tradição e quais, a modernidade. Analise, ainda, por que algumas são socialmente valorizadas e outra não. É possível observarmos o mesmo contexto no Brasil? Em que situações?
· O protagonista passa por uma situação de completa mudança em sua vida profissional, vivenciando o conflito de transitar de uma profissão socialmente respeitada – músico erudito – para outra socialmente desvalorizada. Solicite ao grupo que descreva essa trajetória e analise as atitudes e posturas assumidas pelo protagonista.
· Como o filme apresenta a questão do desemprego? Proponha aos alunos que comparem essa situação com a que vivemos no Brasil.
Após essas discussões, cada grupo irá apresentar suas conclusões para a classe. Havendo possibilidade, os grupos destacariam trechos do filme que ilustram suas análises e comentários.
A condição humana
O filme suscita reflexões profundas sobre a vida, especialmente acerca de nossas opções, realizações e relações interpessoais. Assim, pode-se propor aos alunos uma reflexão conjunta, a partir das seguintes sugestões:
· O filme demostra a dificuldade que algumas personagens tinham para expressar – e, portanto, para viver – os sentimentos. Registre com a turma que cenas ou situações revelam essa dificuldade. Discuta com eles quais teriam sido, de acordo com o filme, as conseqüências dessa dificuldade de expressão para as personagens envolvidas. Essas situações se refletem na vida real?
· Em relação à trajetória profissional do protagonista do filme, podemos afirmar que o faz sentir-se realizado? Por que? O que é necessário, na opinião dos alunos, para que uma pessoa se sinta profissionalmente realizada? Pode-se, assim, aproveitar o filme para abordar um tema que tem ficado em segundo plano no mundo “globalizado”, assolado pelo desemprego estrutural e automatizado: a dignidade do trabalho e, por seu intermédio, a realização do ser social e humano, ainda que desvalorizado social e economicamente.
· Solicite aos alunos que comparem o fragmento abaixo com as questões suscitadas pelo filme e elaborem, em duplas ou pequenos grupos, um texto com suas conclusões.
Segure firme o tempo! Vigie-o, vele por ele, cada hora, cada minuto! Se não prestar atenção, ele escapa... que cada momento seja sagrado. Dê a cada um clareza e significado, a cada um o peso da sua consciência, a cada um a sua verdadeira e devida realização.
Thomas Mann
Citado por: L. Marinoff. Mais Platão. Menos Prozac
· Se for possível, estabeleça um diálogo “fílmico” com o último episódio do filme Sonhos (EUA/Japão,1990), de Akira Kurosawa, em que a morte é tratada de forma bastante poética.
· Para concluir, retome com os alunos a primeira atividade proposta, relacionando-a ao filme e refletindo sobre o que a pedra simboliza no contexto daquela história.
*Caderno de Cinema do Professor 4
*Caderno de Cinema do Professor 4
Nenhum comentário:
Postar um comentário